Isto passou-se há 12 anos atrás, tinha eu 7 anos. Eu era um garoto rebelde, e
meu pai já não sabia o que fazer para me obrigar a modificar.
Minha relação com ele também não era das melhores, de maneira que houve um dia,
após uma discussão particularmente violenta, eu saí de casa determinado a não
voltar (tinha 7 anos).
Isto passou-se por volta das 17h e 30m. Saí de casa e fui virado a um pinhal não
muito longe de minha casa. Não dei por conta de escurecer, mas é certo que de
repente me vi rodeado de escuridão. Para onde quer que olhasse, só via árvores,
arbustos e mato. Comecei a ficar com medo, e foi então que tudo começou...
Comecei a ouvir uns gemidos, seguidos de barulhos de passos. Reuni a pouca
coragem que restava e gritei:
-Quem está aí?
A única resposta que obtive foi uma gargalhada de gelar o sangue. Comecei a
correr, a correr, cada vez mais depressa, sem destino... Pouco me importava para
onde ia, só queria sair dali... Quando comecei a avistar uma claridade azul,
cada vez mais forte, á medida que me aproximava dela.... E foi então que vi....
Por entre duas árvores retorcidas, vi o que me pareceu uma porta, uma espécie de
portal, delineado a azul, uma luz intensa...
Peguei numa pedra, e atirei-a de encontro á tal abertura, mas a pedra, se
entrou, não tornou a sair. Não ouvi o barulho da pedra a cair do lado de lá, de
maneira a que deduzo que terá tido outro fim. Se estava assustado, com isto
entrei em pânico, mas não conseguia arredar o pé dali...
Comecei a ouvir barulhos, restolhadas de folhas na minha direção, de maneira a
que me escondi atrás de um arbusto. Começaram a aparecer vultos de todos os
lados, concentrando-se todos em frente á "porta". E foi então que senti uma dor
forte na nuca, que me fez perder os sentidos... No dia seguinte, acordo com o
meu pai a olhar para mim.
-Estás bem?-disse-me ele, e pegou em mim e levou-me para fora dali. Nunca soube
o que realmente me aconteceu, nem o que tinha presenciado na noite anterior, mas
certo é que, além de 17 pontos na cabeça, nunca mais tornei a entrar naquele
sítio, e de há dois anos para cá, já desapareceram duas pessoas naquele pinhal,
tendo sido uma delas encontrada morta, completamente desfigurada...
O que se esconde por detrás daquelas árvores? Que segredo encerra aquele pinhal?
Vou terminar o meu relato com uma frase conhecida: "A verdade anda por aí". Por
mim até pode andar. Mas não hei-de ser eu a descobri-la...
Marcos Pires